Synergy 2018 apresenta tendências para Comex aliado à indústria 4.0
Tecnologia crescente da indústria 4.0 é grande aliada para a modernização e simplificação dos processos de comércio exterior.
Evento referência mundial, o Synergy 2018 realizou sua sétima edição em São Paulo. O encontro reuniu alguns dos mais representativos líderes, reguladores e altos decisores de mercado para debater sobre economia e a indústria 4.0 e discutir as principais tendências e desafios em tecnologia para os segmentos Fiscal, Tributário e de Comércio Exterior, no Brasil e no mundo.
As diretoras da Interseas Csele L. Braga e Sheine L. Braga acompanharam o evento para se atualizarem sobre as novidades e oportunidades para o Comex, que serão apresentadas neste artigo.
Indústria 4.0 agrega tecnologia necessária para mais competitividade no comércio exterior
A Sessão Plenária do Synergy 2018 foi aberta com uma palestra do jornalista do Grupo Globo, Carlos Alberto Sardenberg, que apresentou o cenário econômico do Brasil dos últimos anos e os principais desafios que devem ser enfrentados em 2019. Sardenberg demonstrou otimismo, especialmente pela recuperação que acontece desde 2015.
Segundo projeções do jornalista, para o ano que vem o IPCA deve estar em 4,21; o dólar a R$ 3,80; a taxa Selic em 8%; o PIB e a produção da indústria crescendo respectivamente 2,5% e 3% ao ano; e o comércio exterior negociando 45,5 bilhões de dólares. Os números são bem positivos comparados ao cenário de quatro anos atrás.
Já no painel Comércio Exterior 4.0, os palestrantes da RSM Brasil, Thomson Reuters, Finocchio & Ustra Sociedade de Advogados, Schneider Electric e Caterpillar debateram como a evolução das tecnologias – por conta da indústria 4.0 – transforma a gestão das operações. Eles avaliaram os desafios trazidos pelo novo ambiente regulatório brasileiro, modernização e simplificação do Portal Único; e as mudanças na legislação aduaneira, OEA e desembaraço sob águas; que contribuem para um aumento de competitividade, eficiência, produtividade e compliance.
Também foi abordada a questão da automação nas operações de Comex, que já é vista como área estratégica e geradora de competitividade das empresas.
A tecnologia proporcionada pela indústria 4.0 é grande aliada do comércio exterior, visto que a automação de determinadas etapas, aliada ao conhecimento técnico de analistas irá trazer ganhos de competitividade e auxiliar no compliance das operações de comércio exterior. O uso de sistemas que agreguem inteligência no processo estarão cada vez mais presente. Neste aspecto, a utilização de um moderno sistema de gerenciamento de processos, específico para o setor de Comex, é fundamental para a eficiência das operações. Inclusive, este tipo de tecnologia aliada à Inteligência Artificial vai favorecer o compliance.
A tecnologia do blockchain, outra grande tendência para o mundo da indústria 4.0, deve chegar com força para a próxima década. A ideia é que esta tecnologia, bastante disruptiva, altere totalmente os protocolos para transações comerciais, facilitando ainda mais as operações de Comex.
Com toda esta transformação digital, o perfil do profissional do setor também está mudando: hoje é muito mais estratégico do que apenas executor de procedimentos. Portanto, precisa pensar simples, ser colaborativo e buscar conhecimentos não só focados no comércio exterior, mas em toda a cadeia de suprimentos, área de tax, finanças, compliance etc.
Painel “Os principais pilares de Compliance do Programa OEA”
Pela sua importância, o compliance também foi destaque no Synergy 2018 e ganhou um painel exclusivo. A Gerente Global Trade Tax da EY, Vanessa Baroni, foi quem trouxe informações sobre o assunto.
Segundo Vanessa, a mudança de foco da Receita Federal do Brasil tem sido muito rica para as empresas de Comex, já que o órgão sai apenas da postura fiscalizatória para ser um parceiro importante para garantir a segurança e legalidade das operações. Por isso, a Receita tem buscado que as empresas vivenciem diariamente a cultura OEA, e não apenas tenham um certificado.
Para a especialista, pela cultura OEA já globalizada, as empresas devem ter foco em seis pontos para um bom compliance: cargos sensíveis, treinamentos, transporte de carga, gerenciamento de riscos, inspeção de unidade de cargas e atenção em operações indiretas.
Painel “Transfer Pricing Estratégico”
Outro assunto de interesse para o comércio exterior, o transfer price ou preço de transferência, foi abordado por Rogério Borili, Vice-Presidente de Produtos da BECOMEX, e por Igor Scarano, Product Manager da Thomson Reuters.
Os palestrantes apresentaram o conceito, que é uma forma de fiscalização para controlar as receitas de exportação e os custos das importações nas operações – realizadas entre empresas vinculadas (intercompany) ou junto a paraísos fiscais. A intenção é evitar que o país perca receitas fiscais. Foram apresentados os métodos de apuração e fornecidas dicas por especialistas, de forma a proporcionar às empresas uma visão estratégica sobre o assunto, reduzindo o impacto dos ajustes necessários na tributação da empresa.