Tudo o que você precisa saber sobre exportação
Transpor fronteiras e atingir novos mercados têm sido uma alternativa valiosa para as empresas buscarem parceiros comerciais e expandirem suas operações, especialmente quando o cenário econômico interno não está favorável. A exportação de produtos nacionais gera cada vez mais riquezas, proporcionando ano a ano grandes superávits para a balança comercial brasileira.
A exportação é um passo fundamental para elevar o patamar do negócio e aumentar os lucros e pode ser feita por qualquer tipo de empresa, de todos os portes. Mas é um procedimento que impõe planejamento e conhecimento das normas, legislações e do mercado com o qual se está negociando para saber com o máximo de precisão os riscos e benefícios e não ser pego de surpresa nesta tratativa internacional.
Portanto, para ser um exportador de sucesso, não basta ter um produto de qualidade com preço atrativo. É preciso preparo logístico, disposição para enfrentar entraves burocráticos e capital para lidar com as despesas.
Quando se trata de um pequeno negócio, a avaliação dos riscos é ainda mais imprescindível, já que qualquer investimento incorreto pode acarretar danos financeiros esmagadores à sobrevivência da empresa. De acordo com o Sebrae, 70% das micro e pequenas empresas brasileiras que conseguem vender para fora do país desistem de permanecer exportando.
Neste artigo, vamos explicar os principais passos e cuidados para as empresas que desejam entrar no universo da exportação e quais programas e incentivos federais auxiliam o exportador neste processo.
Planejando a exportação
Estude o mercado estrangeiro – Todo o processo de estudo e análise de mercado feito internamente pela sua empresa deve ser replicado ao mercado do país para o qual os produtos serão exportados. Aqui, deve-se também dar atenção especial à legislação, normas sanitárias e à cultura do mercado, ou seja, todas as condições que este país e seu governo dão (ou não) aos produtos importados. Identifique se o seu produto tem consumidores, quem são eles, quem são os concorrentes, como é consumido, por qual preço é vendido, como são as embalagens e que informações elas contêm e em quais línguas etc. Seu produto deve ter diferenciais (preço, tamanho, inovações, entre outros) para disputar com os produtos locais e com outros já importados.O Radar Comercial, ferramenta da Secretaria de Comércio Exterior, é um instrumento de consulta que pode auxiliar na seleção de mercados e produtos que apresentam maior potencialidade. Antes de iniciar o processo de exportação, vale a pena também visitar feiras internacionais de negócios para começar a entender e pesquisar sobre o mercado escolhido, e buscar informações também sobre os acordos internacionais para os quais o Brasil tem preferência nas negociações, com encargos menores que facilitam a exportação.O Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) tem listados estes acordos.
Tenha um bom planejamento financeiro – Se ter as finanças equilibradas faz toda a diferença para ser competitivo no mercado interno, em negociações internacionais esse é um fator preponderante. Conhecer a capacidade produtiva, ter capital de giro e reservas para novas despesas são fundamentais. Mas, além disso, é preciso saber precificar corretamente seu produto para ser exportado, pois esse valor será determinante para mantê-lo competitivo e permitir a sobrevivência da sua empresa no mercado externo. Para fixar o preço, leve em consideração os custos de produção, as taxas alfandegárias e portuárias, o seguro de mercadoria, o câmbio, custo de transporte e logística no Brasil e no país escolhido, condições do mercado etc. O simulador de preço do MDIC auxilia a obter o preço de exportação. Não esqueça de verificar as condições e os prazos de pagamento.
Escolha o canal de exportação – Existem dois tipos básicos de exportação: a direta e a indireta. Pela exportação direta, todos os negócios e processos são elaborados e gerenciados pela empresa. Já na exportação indireta, as questões de logísticas podem ser entregues a tradings companies ou a empresas comerciais exportadoras, que comprarão a produção para levá-la a outros países; a consórcios de exportação (associação com outras empresas); ou a agentes de comércio exterior, que vão auxiliar empresas sem experiência nesse tipo de transação.
Como exportar
Negociando com o importador (Incoterms) – Os Incoterms (Termos Internacionais de Comércio) são padrões internacionais para definir, dentro da estrutura de um contrato de compra e venda internacional, os direitos e obrigações do exportador e do importador. São estabelecidos, por exemplo, o local onde o exportador deve entregar a mercadoria, qual das partes paga o frete, quem é o responsável pela contratação do seguro, quem trata das movimentações nos terminais, liberações em alfândegas e obtenção de documentos. Entre os Incoterms mais comuns estão EXW, FOB/FCA, CFR/CPT e CIF/CIP. Como estas obrigações estão diretamente ligadas aos custos da operação, se o exportador não souber em qual contrato se enquadrar, pode arcar com gastos que não estavam em seu orçamento e gerar um grande desconforto com seu fornecedor. Depois, deve ser emitido uma Fatura Proforma (ou Pro Forma Invoice), documento que dá início ao negócio, com os dados essenciais do produto e da negociação – incluindo o Incoterm escolhido – e solicita que o importador providencie, entre outros, a Licença de Importação. Para maior segurança, o exportador também deve solicitar ao importador a relação dos documentos que deverão ser providenciados para o ingresso das mercadorias no país de destino.
Nomenclatura de mercadorias – Como são várias etapas, há também muitas informações que precisam ser repassadas durante o processo. Aqui, o exportador precisa conhecer a Nomenclatura ou Classificação Fiscal do Mercosul (NCM). Esta nomenclatura estabelece códigos que ordenam as mercadorias de acordo com sua natureza e características. É por meio desta nomenclatura que se calcula a incidência de impostos e se aplica (ou não) contingenciamentos, acordos internacionais e normas administrativas. A classificação incorreta da mercadoria e o não seguimento desses padrões geram pesadas multas.
Pagamento – A escolha da modalidade de pagamento normalmente é feita de comum acordo entre o exportador e o importador e depende, basicamente, do grau de confiança comercial existente entre as partes. A carta de crédito é a modalidade mais segura para ambas as partes em comércio internacional, onde o valor só será recebido através de transação bancária após a concretização do negócio. Mas, o pagamento também pode ser feito de forma antecipada, à vista no recebimento do produto, por remessa sem saque e cobrança documentária, cada um oferecendo mais ou menos vantagens ao importador ou ao exportador.
Documentação – Dependendo do produto a ser exportado e para cada país que se deseja exportar é necessário conseguir autorizações dos órgãos reguladores naquele país. São os equivalentes à Anvisa, Inmetro ou o Ministério da Agricultura no Brasil. O exportador também deverá providenciar a emissão dos documentos necessários para o embarque ao exterior como: nota fiscal, commercial invoice, romaneio de embarque (packing list), registro de exportação, certificados adicionais (benefícios tributários, sanitário, seguro) quando necessários, e conhecimento de embarque (ou Bill Of Lading – B/L, que é emitido após o embarque e varia conforme o modal de transporte escolhido).
Embarque, desembaraço e logística – Depois de organizar a documentação, pode ser feito o embarque da mercadoria e o desembaraço na Aduana (alfândega) brasileira. Um cuidado especial deve ser dispensado às embalagens para transporte. Elas precisam ser resistentes e permitir empilhamentos. Sendo embalagens de madeira, é necessário estar tratada de acordo com as exigências mundiais e possuir certificados. E caso haja necessidade de refrigeração ou cuidados para não contaminação ou até risco de explosão, deve-se incluir marcações sobre o acondicionamento do produto para que ele não seja danificado. Após a conferência da documentação, a Receita Federal libera a mercadoria para embarque e o exportador recebe um comprovação da exportação. Os documentos do embarque, como B/L, Invoice, Packing List e Certificados, devem ser enviados ao importador. Todas as etapas do despacho aduaneiro são feitas através do Siscomex/Novoex/Portal Siscomex. Ao chegar ao destino, a forma e o pagamento do transporte já devem ter sido estabelecidas pelo Incoterms. Há a possibilidade de firmar parcerias com distribuidores ou representantes estrangeiros, mas tudo deve ter sido averiguado e acordado com antecedência. É prudente adotar algum tipo de rastreamento da carga, que possibilitará acompanhar sua transferência e evitar imprevistos.
Finalização do negócio – Aqui, é importante analisar o melhor momento/taxas para contratar o câmbio. Deve-se levar em conta a necessidade de recursos para fechar mais rapidamente o câmbio ou, se houver um capital de giro mais confortável, pode-se aguardar para fechar o câmbio em melhores condições. É preciso ter cuidado nessa análise de câmbio, pois dela resultarão operações financeiras mais ou menos vantajosas.
Formas de Apoio
MDIC – O Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) oferece um série de materiais online, com tutoriais mostrando o passo a passo da exportação. Nos sites Aprendendo a Exportar e Invest&ExportBrasil há muito conteúdo explicativo, legislação e simuladores para auxiliar neste processo.
Entidades de classe – Outros caminhos de apoio são entidades como Sebrae, Federação da Indústria, Associações Comerciais e Câmaras de Comércio que possui departamentos e programas específicos para auxiliar empresas de todos os portes a ingressarem em mercados internacionais.
Empresas de gestão global dos processos – É possível contar com empresas que fazem a gestão global dos processos, com especialistas que terão uma visão ampla do processo de exportação. Farão, por exemplo, o contato com o importador para verificar a documentação de envio, análise do câmbio, pesquisa de acordos internacionais para encontrar as menores tarifações ou buscar um melhor enquadramento nos Incoterms. Cada etapa será pensada dentro de uma operação completa, ampla e eficiente, que vai organizar desde o primeiro passo até a entrega final do produto. Este sistema garante processos de logística claros junto aos fornecedores para uma gestão efetiva de custos, além de qualidade na emissão de documentos e aumento de produtividade e confiabilidade em todas as etapas.
Se você ainda tem dúvidas sobre o processo de exportação e quer evitar atrasos e prejuízos, acompanhe aqui no nosso blog de comércio exterior inteligente as dicas sobre exportação e importação, ou entre em contato conosco. A Interseas atua em toda a cadeia de intervenientes até a entrega final da mercadoria.