Logística internacional em tempos de pandemia
O comércio exterior de todo o mundo está sentindo os impactos da restrição à circulação de pessoas e da paralisação de atividades devido à pandemia do novo coronavírus. A logística internacional tem dado prioridade para o embarque de equipamentos voltados para a área da saúde, que em situação normal não poderiam ser transportados em aviões de passageiros. Voos reduzidos, dificuldade de espaço, blank sailing e redução de rotas no transporte marítimo também fazem parte deste panorama.
Confira a entrevista que fizemos com Evandro Ardigó, especialista em logística internacional e Diretor de Operações da ES Logistics, para entender esse cenário nos modais aéreo e marítimo.
Como está o transporte aéreo hoje?
Houve uma enorme redução no espaço disponível para o transporte aéreo de cargas devido à diminuição da oferta de aviões de passageiros. Em decorrência, há um acúmulo de cargas muito grande acontecendo em todo mundo, já que as companhias aéreas que possuem aviões cargueiros estão superlotadas. O transporte fora do comum de equipamentos médicos pelo modal aéreo gerou a inédita possibilidade de usar aviões de passageiros para transportar cargas no local onde iriam passageiros. Da China, o frete aéreo aumentou em até 500% desde o início da pandemia.
Essa realidade é apenas de cargas oriundas da China ou de todas as origens?
A maior dificuldade é da China mas está mais difícil de conseguir espaço do mundo inteiro.
Qual o cenário na exportação?
Diminuíram muito as opções de companhias aéreas, causando um aumento nos custos. Mas a dificuldade por espaço não está tão grande quanto no caso da importação neste momento. O interessante é que quando era “apenas” uma epidemia na China, o Brasil exportou muitas máscaras pelo modal aéreo e naquele momento causou falta de espaço para exportação.
Voltou-se a falar sobre blank sailing, o que exatamente isso significa?
Este termo normalmente é usado quando o armador cancela várias escalas de um navio devido ao baixo volume de contêineres. O navio deixa de atracar em todos os portos da China que tinha previsão, por exemplo. Os armadores fazem isso devido ao baixo volume de cargas que pressiona o nível de valor de frete para baixo. O armador normalmente usa este expediente no feriado Chinês, quando as fábricas estão paradas e não há mercadorias para embarcar. Durante a pandemia, os importadores brasileiros postergaram ou cancelaram muitos pedidos e os armadores irão cancelar a escala (blank sailing) de 7 navios destinados ao Brasil. Para maio já temos confirmados pelo menos 2 blank sailings.
Além de blank sailing, já alguma redução de navios em determinadas rotas? Podemos considerar que teremos redução de rotas também?
Até o momento, os armadores não anunciaram nenhuma redução de quantidade de números de navios ou redução de rotas.
Como estão os valores de fretes no momento e o que podemos esperar?
No modal marítimo, os valores de frete da China estão muito abaixo da média histórica, e por este motivo os armadores estão diminuindo a oferta. Como os armadores controlam a oferta, o preço pode subir a qualquer momento. A ES Logistics preparou uma tabela histórica de fretes internacionais que você pode conferir abaixo e comparar com anos anteriores.
A Interseas segue acompanhando o assunto e monitorando o embarque e desembarque de cargas dos clientes. Acompanhe as atualizações do nosso blog pelo Facebook e LinkedIn para saber mais sobre comércio exterior e se manter atualizado.