Como surgiu o contêiner marítimo?
O transporte de mercadorias em navios como conhecemos hoje começou a se desenhar em meados da década de 1950, quando surgiu o contêiner marítimo. Não é à toa que sua criação é considerada uma das maiores revoluções em comércio exterior, já que hoje a movimentação de cargas por via marítima corresponde a 80% do volume global, o que corresponde a cerca de 10 bilhões de toneladas.
Devido à sua importância no comex, a Interseas resolveu trazer para você a história do contêiner marítimo. Além disso, você vai conhecer algumas das normas que regem a sua padronização internacional em relação ao tamanho e à identificação.
Solução para ganhar tempo
Na década de 1950, o norte-americano Malcom McLean imaginou um formato de contêiner marítimo parecido com o atual: padronizado, empilhável, fácil de carregar e descarregar, e, acima de tudo, seguro. Algumas invenções nesse sentido já estavam em desenvolvimento desde antes da II Guerra Mundial, mas havia um grande problema: elas não tinham um padrão, e isso só foi resolvido em 1968.
Percebendo a lentidão no embarque e desembarque de mercadorias nos portos, McLean resolveu buscar uma solução que tornasse o processo mais eficiente, e assim criou o contêiner marítimo. Até então, o desembarque manual de mercadorias mantinha o transportador parado por muito tempo no porto, enquanto ele poderia realizar outras operações.
Logo McLean se deparou com outro problema: os navios da época não eram adequados para o transporte de contêineres. Assim, ele adquiriu um navio petroleiro e o adaptou para que suportasse até 58 unidades. Após essa primeira experiência em 1956, foram projetados navios com a finalidade de transportar contêineres marítimos. Ele se uniu ao engenheiro Keith Tantlinger, que desenvolveu peças como o twistlock e o corner casting – ambos mecanismos para encaixar os contêineres entre si – entre outras importantes inovações para o comércio exterior.
Padronização internacional
Por algum tempo, a única norma para esse tipo de transporte era que a estrutura do contêiner marítimo fosse metálica, resistente e com dimensões modulares. Quanto ao seu tamanho, a Europa aderiu aos padrões indicados pela International Standards Organization (ISO), e os Estados Unidos adotaram as normas da American Standards Association (ASA, hoje chamada de ANSI). A partir de 1968, as empresas importadoras e exportadoras passaram a adotar as regras da ISO quanto à terminologia, classificação, especificações, dimensões, etc.
Os primeiros contêineres marítimos criados por McLean tinham 33 pés de comprimento. Hoje, por conta da ISO 1897, possuem medidas de 20 e 40 pés de comprimento. No Brasil, as normas para contêineres marítimos foram adotadas em 1974 pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). A empresa de McLean, de nome Sealand, foi comprada pela dinamarquesa Maersk em 1999, que manteve os dois nomes até 2005.
Acredita-se que a invenção do contêiner foi um dos principais impulsionadores da globalização na segunda metade do século XX, tendo facilitado o carregamento de mercadorias por via marítima. A Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) estima que, em 2017, foram movimentados nos portos ao redor do mundo cerca de 752 milhões de TEUs (um TEU é a capacidade de carga de um contêiner marítimo normal).
Identificação do contêiner
Uma das normas que rege a movimentação internacional de contêineres marítimos é sobre sua identificação numérica obrigatória. A regra foi proposta em 1969 pela Bureau Internacional des Containers (BIC) e padronizada pela ISO em 1972. Os números são chamados de BIC-Code Register ou ISO Alpha-Codes e são usados como marcação dos contêineres em todos os documentos, inclusive na Declaração de Importação.
Além de informações sobre comprimento, altura e tipo de contêiner, nele devem estar inscritos:
- Código do Proprietário: possui 4 letras e é o seu registro ISO, sendo que a última letra será sempre U (que indica unity, ou unidade).
- Número de série: possui 6 algarismos que indicam o número do contêiner em relação à sua frota. Se o número não tiver todos os algarismos, deve ser completado com 0.
- Dígito de controle: é resultado de uma operação na qual se somam o valor das letras e os números de série, tornando-se um número único e diferente para cada contêiner.
Essas 3 identificações são inscritas juntas, no topo, formando um código de 11 elementos alfa-numéricos. Abaixo desta identificação devem aparecer o peso do contêiner (tare, ou tara), peso da carga (net, ou neto) ou peso máximo da carga (payload), peso total (gross) e capacidade interna (cube).
Nos próximos posts do nosso blog falaremos sobre os tipos de contêiner e a finalidade de cada um deles. Siga a Interseas nas redes sociais para receber nossas atualizações e saber mais sobre processos de importação e exportação, além de tendências do setor!